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Explicado: O caso antitruste do Google

Em uma decisão histórica, o Juiz Distrital dos EUA Amit Mehta decidiu que o domínio do Google no mercado de buscas é resultado de práticas monopolistas ilegais. O juiz concluiu que as ações do Google sufocaram a competição e a inovação, e que os acordos de busca padrão da empresa com fabricantes de dispositivos e navegadores são um fator-chave em seu domínio de mercado.

Aqui está um resumo do que aconteceu:

O caso contra o Google

A decisão vem após um julgamento de 10 semanas e é uma grande vitória para o Departamento de Justiça dos EUA, que entrou com o processo há quase quatro anos. O Google anunciou planos de apelar da decisão. A acusação principal é que o Google gastou bilhões em acordos exclusivos para manter seu domínio no mercado de mecanismos de busca, violando as leis antitruste dos EUA.

O que são leis antitruste?

As leis antitruste são regulamentações que promovem a concorrência justa ao impedir monopólios, práticas anticompetitivas e outras atividades que podem prejudicar consumidores ou outras empresas.

Nos Estados Unidos, as principais leis incluem o Sherman Antitrust Act de 1890, que proíbe monopólios e ações que restrinjam o comércio, e o Clayton Antitrust Act de 1914, que aborda práticas desleais específicas. O Federal Trade Commission Act de 1914 estabeleceu a Federal Trade Commission (FTC) para investigar e prevenir a concorrência desleal.

A FTC e a Divisão Antitruste do Departamento de Justiça (DOJ) aplicam essas leis. Elas investigam empresas e tomam medidas se encontrarem quaisquer violações.

Os argumentos do DoJ

O DoJ argumentou que os acordos do Google com operadoras de telefonia móvel, desenvolvedores de navegadores e fabricantes de dispositivos, especialmente a Apple, eram anticompetitivos. Em 2021, o Google supostamente pagou mais de US$ 26 bilhões a empresas como a Apple para tornar seu mecanismo de busca a opção padrão em dispositivos como iPhones e navegadores como Safari e Mozilla.

A publicidade baseada em pesquisa do Google é uma importante fonte de receita, gerando US$ 175 bilhões em 2022. Para efeito de comparação, o Bing da Microsoft faturou cerca de US$ 12 bilhões.

O Google tem uma participação de 89,2% no mercado de serviços de busca geral, aumentando para 94,9% em dispositivos móveis.

Defesa do Google

O Google argumentou que seu domínio se devia à qualidade de seu mecanismo de busca. Eles planejam apelar da decisão, afirmando que, embora a decisão reconheça a qualidade de seu mecanismo de busca, ela restringe sua capacidade de torná-lo prontamente disponível.

Veredicto do Juiz Distrital

O julgamento durou vários meses, com depoimentos do CEO do Google, Sundar Pichai, e outros altos executivos. A decisão de 277 páginas do juiz Amit Mehta rotulou o Google como “monopolista” e destacou o grande volume de consultas de pesquisa do Google em comparação com os rivais. Mehta observou que o Google “desfruta de uma participação de 89,2% no mercado de serviços de pesquisa geral, que aumenta para 94,9% em dispositivos móveis”. Ele concluiu que, embora o Google tenha violado as leis antitruste, isso não teve “efeitos anticompetitivos”.

O juiz reconheceu que, embora o mecanismo de busca do Google seja amplamente reconhecido como o melhor disponível, sua participação no mercado é significativamente reforçada por esses acordos. O juiz destacou que outros mecanismos de busca, como o Bing da Microsoft, podem capturar uma participação de mercado significativa quando não ofuscados pelo status padrão do Google. Por exemplo, o Bing detém uma participação de 80% no mercado de busca no navegador Microsoft Edge. Ele então decidiu contra a gigante da tecnologia.

O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, chamou a decisão de uma “vitória histórica para o povo americano”, dizendo que nenhuma empresa está acima da lei.

Implicações

Após a decisão, as ações da Alphabet, empresa controladora do Google, caíram 4,6%.

O tribunal decidirá agora sobre os remédios que o Google deve tomar. Isso pode incluir restrições à capacidade do Google de entrar em acordos exclusivos.

O presidente de assuntos globais do Google, Kent Walker, disse que a empresa pretende apelar da decisão.

Jonathan Kanter, chefe da divisão antitruste do DoJ, acredita que a decisão abrirá caminho para a inovação e protegerá o acesso à informação. Enquanto isso, o Consumer Choice Centre, um grupo de lobby, criticou a decisão como um passo na direção errada.

A decisão é parte de uma repressão mais ampla à Big Tech. O DoJ tem outro caso pendente contra o Google relacionado à publicidade digital, e a Federal Trade Commission (FTC) entrou com ações judiciais contra a Amazon e a Meta.

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