Mais de 700 mil deslocados internos no Haiti à medida que a crise humanitária se aprofunda
Mais de metade dos deslocados são crianças, afirma a agência da ONU para a migração, apelando ao apoio internacional.
Mais de 700 mil pessoas estão agora deslocadas internamente das suas casas no Haiti, sendo mais de metade delas crianças, de acordo com um novo relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A agência das Nações Unidas disse na quarta-feira que o número representa um aumento de 22 por cento em relação a junho. Mmais de 110 mil pessoas fugiram de suas casas nos últimos sete meses devido a violência de ganguesparticularmente em Gressier, a oeste da capital, Porto Príncipe, acrescentou.
O Haiti enfrentou anos de agitação e instabilidade, à medida que poderosos grupos armados – muitas vezes com ligações aos líderes políticos e empresariais do país – disputavam influência e controlo.
A situação piorou dramaticamente no final de Fevereiro, quando gangues lançaram ataques contra prisões e outras instituições estatais em Porto Príncipe.
A onda de violência deste ano levou à demissão do primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, à criação do Conselho Presidencial de Transição do país e ao envio de uma força multinacional liderada pelas Nações Unidas e liderada pelo Quénia, denominada Missão Multinacional de Apoio à Segurança.
Na semana passada, o escritório de direitos humanos da ONU disse que mais de 3.600 pessoas foram mortas este ano em violência “sem sentido” de gangues no país. E na segunda-feira, a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC) afirmou num relatório que quase 48 por cento da população do Haiti enfrenta uma grave escassez de alimentos.
Apoio internacional necessário
Gregoire Goodstein, chefe da OIM no Haiti, instou na quarta-feira “a comunidade internacional a intensificar o seu apoio às populações deslocadas do Haiti e às comunidades anfitriãs que continuam a mostrar uma resiliência notável face a estes desafios”.
O relatório da OIM afirma que cerca de 75 por cento dos deslocados estão agora abrigados nas províncias do país, sendo que só a região do Grande Sud acolhe 45 por cento de todos os deslocados.
Os restantes encontram-se em Porto Príncipe, “onde a situação continua precária e imprevisível”, disse a OIM, com pessoas a viver frequentemente em locais sobrelotados, com pouco ou nenhum acesso a serviços básicos.
A agência disse que 83 por cento das pessoas deslocadas estavam sendo hospedadas por famílias.
“É crucial que os esforços para restaurar a estabilidade e a segurança em todo o país continuem, juntamente com a ajuda humanitária para aliviar o sofrimento imediato das pessoas afetadas”, afirmou.