US$ 2,5 bilhões em fundos públicos roubados no “assalto do século” no Iraque
Bagdá:
Um tribunal criminal iraquiano emitiu na terça-feira mandados de prisão para um empresário e um ex-funcionário do governo procurados por suposto envolvimento no roubo de US$ 2,5 bilhões de fundos públicos.
O escândalo apelidado de “assalto do século” gerou revolta generalizada no Iraque, que é devastado pela corrupção desenfreada, desemprego e infraestrutura decadente após décadas de conflito.
O tribunal criminal emitiu mandados para o empresário Nour Zuhair e Haitham al-Juburi, ex-assessor do então primeiro-ministro Mustafa al-Kadhemi, informou a agência de notícias estatal INA.
Os dois suspeitos estão entre os vários que enfrentam um julgamento que começou em meados de agosto, mas estão foragidos e não compareceram ao tribunal.
Segundo as autoridades fiscais, os réus teriam expropriado US$ 2,5 bilhões entre setembro de 2021 e agosto de 2022 por meio de 247 cheques descontados por cinco empresas.
O dinheiro foi posteriormente retirado — em espécie — das contas das empresas.
Os proprietários dessas contas — a maioria dos quais também está foragido — também estão sujeitos a mandados de prisão.
Cerca de 30 suspeitos estão sendo julgados, informou o INA, incluindo seis que já estão atrás das grades ou aguardando extradição para o Iraque, disse a agência nacional antifraude.
Em outubro de 2022, Zuhair foi preso no aeroporto de Bagdá quando tentava deixar o país.
Um mês depois, ele foi libertado sob fiança após devolver mais de US$ 125 milhões e prometer devolver o restante em parcelas.
Juburi também devolveu US$ 2,6 milhões dos fundos supostamente desviados antes de desaparecer, disse uma fonte judicial à AFP.
O paradeiro atual de ambos os homens é desconhecido.
No entanto, o rico empresário Zuhair voltou a ser notícia poucos dias depois de ter sofrido um acidente de carro no Líbano, após uma entrevista que deu a um canal de notícias iraquiano.
“O caso Nour Zuhair é um escândalo… que diz respeito a todo o sistema político”, disse o jornalista e comentarista iraquiano Hamed al-Sayyed à AFP.
Ele culpou as autoridades por libertá-lo sob fiança há dois anos, permitindo que ele “fugisse”.
“Sua libertação da prisão, no momento em que ele estava sendo investigado, mostra que o sistema político, nos mais altos escalões, é cúmplice”, acrescentou Sayyed.
A corrupção é endêmica nas instituições estatais iraquianas, com os altos escalões do poder muitas vezes evitando responsabilização.
(Com exceção do título, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)